Covid-19: Rui Costa fala sobre o risco da variante da doença para os jovens na Bahia

O governador da Bahia, Rui Costa, afirmou em entrevista ao Bahia Meio Dia deste sábado (13) que vai seguir o plano nacional de imunização do governo federal para aplicação da vacina Sputnik V. Após uma reunião entre governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi garantido que será adotada equidade na distribuição das vacinas para cidades e estados do país.

“A reunião foi positiva. Nós, governadores do Brasil e do Nordeste, a unanimidade, defendemos o plano nacional de imunização. O Brasil é um dos países há muitas décadas conhecido como o país que tem um plano de imunizar a população para várias doenças, inclusive as crianças. E isso nós defendemos que seja preservado”, disse.

“E esse plano sempre garantiu, independentemente de qual era o governo, que houvesse uma equidade no tratamento de cidades pobres com cidades ricas, de estados pobres com estados ricos, para que toda a população, independentemente do nível de renda da pessoa, tivesse acesso às vacinas”, completou Rui Costa.

“Nós vamos seguir o plano nacional de imunização porque nós defendemos que esse plano seja respeitado. O Brasil não pode entrar numa lógica de salve-se quem puder. Ou seja, quem é rico compra a vacina, quem é pobre fica sem vacina. Então, eu sou defensor de um plano nacional que garanta critérios nacionais de vacinação e por isso nós vamos seguir o plano nacional”, afirmou.

Rui ainda falou sobre grupos que devem ser incluídos como prioritários no plano de imunização nacional. “Nós defendemos que grupos de trabalhadores da educação, que grupos de segurança pública sejam incluídos na prioridade, mas isso vai depender de ser nacionalmente aprovado para que entre como critério. Hoje, na reunião com o ministro, nós voltamos a reiterar que esses grupos sejam analisados a inclusão deles na lista de prioridade”, disse.

Chegada da Sputnik V

Rui Costa fala sobre a compra direta da vacina contra a Covid-19 para a Bahia

De acordo com o governador, as primeiras doses da vacina chegam no mês de abril. A logística de distribuição para os estados e também as formalidades jurídicas ainda não foram definidas.

“Essas vacinas vão compor o plano nacional de imunização e nós tivemos uma reunião com o ministro [Pazuello] para ver como se dará essa formalidade jurídica. Isso os assessores vão conversar hoje ou amanhã [domingo, 14], segunda-feira (15), para que a gente possa encontrar um formato jurídico, mas o fato é que finalizamos a compra, duas milhões de doses serão entregues agora, em abril, cinco milhões no mês de maio, 10 milhões no mês de junho, e 20 milhões no mês de julho”, afirmou.

Rui ainda destacou que o governo federal irá reembolsar os estados pelos gastos com a vacina, mas ainda não detalhou de que forma.

“Esse detalhe jurídico e logístico é que nós estamos ajustando porque todos os meses nós estamos recebendo vacina da Coronavac, da Oxford, e esperamos o mais rápido possível receber de outros laboratórios. Então, esses ajustes, como se dará a logística, nós vamos ajustar. O mais importante é que está mantido o plano nacional de vacinação e o ministério reembolsará os estados pela despesa, pelo custo dessas vacinas e só vai ajustar o formato”, disse.

Aplicação imediata da Sputnik V

Vacina Sputnik V teve eficácia de 91,6% contra a Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Globo

Vacina Sputnik V teve eficácia de 91,6% contra a Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Globo

Rui ainda disse na entrevista que pretende imunizar a população baiana assim que as vacinas cheguem ao Brasil, no mês de abril. “Imediatamente. A gente tem conseguido aqui garantir que toda vacina que chega, em menos de 24 horas está em todas as microrregiões da Bahia. Então, nós vamos seguir trabalhando. Eu não vou descansar, nem um minuto sequer, até conseguir imunizar todo o povo baiano o mais rápido possível”, disse.

“Então, esse é apenas o primeiro contrato e eu espero que a gente consiga, em breve, poder contribuir com outras vacinas, de outros laboratórios, para acelerar a vacinação no Brasil, para que a gente volte a gerar emprego, gerar renda, as pessoas trabalharem com dignidade, a economia voltar a funcionar normal, e a gente não ter esse sofrimento de tantas e tantas famílias que choram a dor de um parente que está internado em estado grave, ou mesmo de um parente que foi a óbito e não conseguiu resistir a essa doença terrível que aplacou a humanidade inteira”, completou Rui.

Regulamentação da compra da vacina

O governador ainda falou sobre a regulamentação para estados, municípios e empresas privadas comprarem imunizantes. “Eu diria que o momento é de alegria, eu estou muito feliz porque a gente, depois de meses lutando, trabalhando, e pedindo ao governo federal, Anvisa, ao Congresso Nacional, que criasse um formato legal que possibilitasse os estados que contribuíssem com a vacinação e, graças a Deus, o congresso aprovou a lei e com base nessa lei é que nós estamos efetivando essa compra”.

O governador explicou que não irá seguir esse passo a passou, pois a compra se baseia na lei que permite que vacinas aprovadas internacionalmente possam ser adquiridas pelos estados sem precisar da aprovação da Anvisa.

“Para tranquilizar a população, porque nesse momento as coisas vão mudando, são dois processos diferentes: um é o processo de regularização da vacina por algum laboratório que queira comercializar o produto no Brasil, aí ele tem que solicitar o registro provisório ou definitivo da vacina no Brasil, e seguir aquele passo a passo de aprovação da Anvisa”, disse Rui Costa.

“A compra que nós estamos fazendo não vai seguir esse passo a passo, a compra se baseia na lei sancionada e aprovada no Congresso Nacional essa semana, que permite os estados comprarem vacinas que já tenham sido aprovadas por laboratórios internacionais, constantes na lei. Portanto, o laboratório russo, laboratório chinês, laboratório americano, laboratório europeu, consta na relação, e, portanto, nós podemos comprar e aplicar a vacina sem necessariamente passar por esse passo a passo da Anvisa”, explica.

“Nós só temos que formalizar a compra e apresentar toda a documentação na Anvisa, mas é um procedimento muito rápido e a Anvisa não analisará a vacina porque ela já foi analisada internacionalmente por outras instituições. Essa vacina [Sputnik V], hoje, é comercializada e aplicada em 49 países já pelo mundo. Então, aqui no Brasil, será o número 50 por conta dessa lista extensa de países que estão utilizando esta vacina”, destacou.

Toque de recolher na Bahia

Toque de recolher e medidas restritivas na Bahia foram prorrogadas até 22 de março — Foto: Alberto Maraux / SSP-BA

Toque de recolher e medidas restritivas na Bahia foram prorrogadas até 22 de março — Foto: Alberto Maraux / SSP-BA

O governador ainda fez um apelo à população para que compreenda e respeite o toque de recolher e as medidas restritivas na Bahia, que foram prorrogadas até 22 de março.

“Eu quero, mais uma vez, pedir a compreensão da população porque essa restrição é temporária, mas o benefício dela é permanente, nós estamos trabalhando. Porque é melhor adiar uma festa, um jogo de futebol, um encontro de amigos para o mês que vem, e você estar vivo para realizar esse encontro no mês que vem, ou, infelizmente, você não está vivo para realizar nem o encontro agora, e nem mês que vem. Digo isso porque, infelizmente, as novas cepas têm levado a óbito inclusive pessoas jovens”, disse.

Rui Costa reforçou que não há mais idade para contrair a doença e destacou a incidência em pessoas jovens. “Eu vi a fotografia essa semana de uma jovem com um neném pequeno no braço, seu marido do lado, muito jovem, que veio a óbito aqui na cidade de Camaçari. Uma outra jovem de 24 anos foi a óbito lá em Jequié. Então, aquela história de que só estão morrendo pessoas idosas, isso não é verdadeiro”.

“As novas cepas têm alcançado pessoas mais jovens, então é importante que todos saibam que a humanidade, países com alto desenvolvimento tecnológico, como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, China, Rússia, só encontraram duas formas de conter o vírus: uma é a vacina, que nós estamos ajudando a comprar; a segunda forma é garantir o distanciamento social, porque essa é uma doença coletiva, não é uma doença individual”, defendeu.

“É uma doença que passa facilmente de uma pessoa para outra. E para evitar isso, nós temos que estar distantes uma pessoa da outra para evitar essa transmissão. Daí a necessidade de conter. E o toque de recolher visa conter esses encontros, geralmente acompanhados de bebidas alcoólicas, que levam essas pessoas a baixarem a guarda, a baixarem a proteção, e que são altamente transmissores da doença”, concluiu Rui Costa.fonteg1]

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