Dados mundiais indicam que acontece um suicídio a cada 40 segundos, totalizando cerca de 1 milhão de suicídios ao redor do mundo. O intervalo de tempo entre as tentativas de tirar a própria vida são ainda menores: uma a cada três segundos. Já no Brasil, ocorre um suicídio a cada 45 minutos. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária mais afetada pelo problema é a mais jovem, de 15 a 29 anos, em que é a terceira causa de morte. Entre as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, o suicídio é a sétima causa de morte.

De acordo com o presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal), Antônio Geraldo da Silva, medidas preventivas de ajuda são extremamente importantes para evitar o suicídio. “É uma maneira de a gente salvar vidas porque 90% dos suicídios poderiam ser evitados se as pessoas pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, disse.

Ele ainda afirmou que estudos indicam que a maior parte das pessoas que tenta pôr fim à própria vida sofre de algum tipo de transtorno psicológico. A porcentagem de doença mental chega aos 100% entre os indivíduos que alcançam o objetivo.

Fatores de risco

Segundo Jorge Jaber, psiquiatra especialista no tratamento de dependentes químicos, o uso de álcool e drogas é o segundo fator  – depois das doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão – que leva ao aumento do suicídio, o que faz dele a principal causa evitável de morte.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que mais de 30% das vítimas de suicídio apresentavam teor alcoólico no sangue. Outra análise, conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), constatou que 21% dos indivíduos atendidos no pronto-socorro de Embu das Artes por causa de uma tentativa de suicídio tinham ingerido álcool até seis horas antes do ato.

Acredita-se que esse efeito esteja associado ao aumento da impulsividade propiciado pelo consumo de álcool. “Sob efeito do álcool, as pessoas podem apresentar uma diminuição da capacidade de julgamento, do senso crítico e do autocontrole, assim como tendem a adotar comportamentos impulsivos ou violentos”, afirma o psiquiatra Teng Chei Tung, coordenador dos Serviços de Pronto-Socorro e Interconsultas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

Esse efeito pode ser ainda mais evidente em grupos com essa característica mais pronunciada, como os adolescentes. “O cérebro adolescente ainda está em desenvolvimento e os efeitos do álcool são mais nocivos nessa idade, com um impacto ainda maior sobre a tomada de decisões e autocontrole”, completa.

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