Após caso de transfobia em Poções, na BA, nome social de adolescente é adotado em escola
A Secretaria Municipal de Educação da cidade de Poções, no sudoeste da Bahia, adotou o nome social do adolescente trans que teve a casa apedrejada após reivindicar o direito na escola. O caso é acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
O caso chegou à secretaria porque a mãe do garoto procurou a pasta, para pedir que o nome social do filho, que tem 12 anos, fosse adotado na escola. Antes, ela já tinha buscado a secretaria da unidade escolar, que a encaminhou para o órgão municipal.
Além de adotar o nome social do garoto, a Secretaria de Educação informou que iniciou um trabalho de conscientização em todo o município, para que situação não volte a acontecer em outras escolas. No caso do adolescente, o nome ainda é considerado “social” porque ele não foi retificado em certidão.
Pastor suspeito de incitar ataques
Secretaria de Educação adota nome social de jovem trans que teve casa apedrejada após reivindicar direito em escola — Foto: Ministério Público da Bahia (MP-BA)
A mãe do adolescente contou que a família tem sido vítimas de ataques. Ela relatou que, desde que começou a pedir a adoção do nome social do filho, as pessoas têm passado pela casa da família, à noite, batendo no portão, gritando e desligando a energia elétrica. No caso mais recente, quebraram o vidro da janela da sala.
A suspeita é de que um pastor evangélico esteja incentivando transfobia e o ódio contra o adolescente, gravando áudios e encaminhando para pessoas da cidade. A Polícia Militar, que chegou a ser acionada em um dos ataques à família, informou que orientou a mãe do garoto a registrar o caso em delegacia.
O órgão vai apurar eventuais condutas ilícitas e criminais que tenham sido cometidas pelo pastor, contra o adolescente.
Em nota, o pastor informou: “[O áudio] sequer menciona algum endereço ou nome civil, mas estão tentando influenciar e comover a opinião pública de eu ser responsável pelo ódio e ataques dirigidos a adolescente trans, convenientemente ocorrido sem qualquer evidência, tentando relacionar o vazamento do áudio com o suposto apedrejamento, não oferecendo nenhuma prova que foi causado por pessoas da igreja”.
Os responsáveis pelos ataques à família do adolescente ainda não foram identificados. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também acompanha o caso.