Em Jequié, a cidade do “maior São João do Brasil”, o forró do amostradinho tocou alto, teve drone voando, teve até pataquada que fez cantora chorar por não poder tirar foto com criancas privilegiadas. Mas agora, passados os fogos, as postagens impulsionadas e a falação, a conta tá chegando, e quem está pagando, adivinha? É o povo.

Neste momento, mais especificamente, os trabalhadores terceirizados da empresa RD Terceirização e Serviços, voltaram a ocupar o noticiário não por festas, pra dançar forró, mas, por fome, por que agora são eles que estão dançado, de fato.

Não é a primeira vez que surgem denúncias contra a empresa que presta serviço à Prefeitura. E, ainda assim, ela continua operando como se nada estivesse errado: atrasando salários, deixando famílias sem vale-refeição, sem férias e, agora, sem comida no prato. Sim, em pleno 2025, enquanto se fala de progresso, tecnologia, eventos grandiosos, tela pra piranha… temos gente passando necessidade por causa de um contrato público mal fiscalizado.

A pergunta que se impõe é: onde está a responsabilidade da Prefeitura diante disso? Afinal, ser gestora de uma cidade não é só cortar fita e posar para foto. É, antes de tudo, cuidar do povo. E cuidar do povo exige postura, firmeza e, principalmente, coerência.

Não adianta vestir a camisa do “Jequié é trabalho, é vida melhor” e virar o rosto diante da miséria que se alastra nas cozinhas de quem trabalha duro, enche as mãos de calos e está com contas acumuladas. Os trabalhadores da RD se manifestaram nesta segunda-feira, 22 de julho, em frente à Câmara de Vereadores, não por vaidade, mas por desespero. Querem ser vistos, ouvidos e, acima de tudo, respeitados.

E os vereadores, representantes do povo, o que dizem? O que fazem? O mínimo que se espera de um parlamento comprometido é fiscalização institucional sobre o Executivo, convocação de audiências públicas, abertura de comissões de acompanhamento e a devida monitoria legislativas dos contratos públicos. Silenciar diante da dor do povo é, no mínimo, pactuar com ela.

A Prefeitura notificou a empresa? Sim. Mas e a ação concreta? E a suspensão dos contratos até a regularização dos direitos? E a responsabilização financeira? Ou vamos seguir fingindo que o problema é alheio, mesmo sendo fruto de uma relação contratual direta com o poder público?

Se é para ter terceirizar e ajudar a afundar o IPREJ,  na linha da precarização dos servicos públicos, que ao menos se terceirize com dignidade. Se a empresa não cumpre com seus deveres, que seja substituída. E se o município permite que a situação perdure, então já não se trata mais apenas de uma falha da empresa, mas de conivência da gestão.

“Jequié é trabalho, é vida melhor.” Bonito no papel. Mas quem está trabalhando quer viver. E, no momento, quer apenas o mínimo: respeito e salário em dia.

O povo não quer só festas.
Quer justiça.

FONTE/CRÉDITOS: Tv Jequié
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