O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse neste domingo (23/8) ser “inadmissível censurar jornalistas pelo mero descontentamento com o conteúdo veiculado”.

A declaração do magistrado ocorre após ameaça feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a um repórter do jornal O Globo.

“A liberdade de imprensa é uma das bases da democracia. É inadmissível censurar jornalistas pelo mero descontentamento com o conteúdo veiculado. G. Orwell: ‘Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade’. #liberdadedeimprensa”, escreveu Gilmar em uma rede social.

Apesar de atribuir uma frase ao escritor e jornalista George Orwell, o trecho faz parte de uma declaração de William Randolph Hearst III, magnata que mudou os jornais no final do século XIX e os transformou em um entretenimento de massas.

Mais cedo, neste domingo, enquanto visitava a Catedral de Brasília, Bolsonaro foi questionado pelo jornalista sobre os depósitos feitos pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro (entenda mais abaixo).

“Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”, respondeu o presidente.

Após a reação de Bolsonaro, outros repórteres que estavam no local perguntaram ao chefe do Executivo se aquilo se tratava de uma ameaça. O presidente não respondeu aos questionamentos e deixou o local logo em seguida.

Entidades e políticos também repudiaram a atitude do presidente. O jornal O Globo afirmou que o chefe do Executivo “desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população”.

“O GLOBO repudia a agressão do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal que apenas exercia sua função, de forma totalmente profissional, neste domingo. […] Durante os governos de todos os presidentes, o GLOBO não se furtou a fazer as perguntas necessárias para cumprir o papel maior da imprensa, que é informar os cidadãos. E continuará a fazer as perguntas que precisarem ser feitas, neste e em todos os governos”, disse o jornal.

Compartilhe: