Eduardo Anizelli/FolhapressAlém disso apontam que nas análises realizadas pela Polícia Federal “nenhum indício de ilicitude foi comprovado”

Um dia após o presidente Jair Bolsonaro (PL) repetir mentiras e teorias conspiratórias sobre a confiança no processo eleitoral brasileiro em encontro com embaixadores, três associações de servidores da Polícia Federal emitiram nesta terça-feira (19) uma nota conjunta manifestando confiança nas urnas eletrônicas e afirmando que nunca foi apresentada qualquer evidência de fraude no sistema.

O documento é assinado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol).

As associações dizem ter “total confiança no sistema eleitoral brasileiro e nas urnas eletrônicas” e reforçam que acatar a legislação eleitoral “é imprescindível a todo e qualquer representante eleito”.

Além disso apontam que nas análises realizadas pela Polícia Federal “nenhum indício de ilicitude foi comprovado”.

“A Polícia Federal, assim como diversos outras instituições renomadas, tem participado de testes públicos de segurança promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e abertos a qualquer cidadão, cujo objetivo é buscar o contínuo aperfeiçoamento das urnas eletrônicas, sendo que até o momento não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras.”

Em seu discurso de cunho golpista a embaixadores nesta segunda (18), Bolsonaro chegou a citar a Polícia Federal ao falar recomendação da PF para implementação do voto impresso para fins de auditoria.

O presidente disse também que a PF teria constatado, com base em documentos do próprio TSE, que a corte é “mais que um queijo suíço, é uma peneira”, em referência a supostas falhas no trabalho do tribunal.

Em nota, a corte eleitoral afirmou que “A Justiça Eleitoral não tem conhecimento de tal afirmação feita pela Polícia Federal”.

A PF é uma das entidades legitimadas a fiscalizar o processo eleitoral e, ao longo, dos últimos pleitos alguns de seus peritos têm participado dos chamados Testes Públicos de Segurança (TPS), em que especialistas e hackers testam ataques à urna e inspecionam os sistemas utilizados na eleição.

“É importante reiterar que as urnas eletrônicas e o sistema eletrônico de votação já foram objeto de diversas perícias e apurações por parte da PF e que nenhum indício de ilicitude foi comprovado nas análises técnicas”, diz a nota.

As associações afirmam ainda que as eleições “desde a redemocratização ocorrem sem qualquer incidente que lance dúvidas sobre sua transparência e efetividade”.

O encontro com embaixadores promovido por Bolsonaro provocou reações de repúdio em cadeia ao longo desta terça, incluindo a cúpula do Judiciário e em diferentes setores do Ministério Público.

As falas golpistas não são uma novidade, mas desta vez vieram carregadas de agravantes: feita a embaixadores convocados pelo governo, dentro da residência oficial da Presidência, incluída na agenda oficial de Bolsonaro, com transmissão ao vivo pela TV estatal e às vésperas do início da campanha.

No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996.

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