QUEM POUPA O LOBO SACRIFICA AS OVELHAS FICA A DICA
Em uma sala cheia de testemunhas, a vítima treme. Não por medo de falar a verdade, mas porque ela sabe que, ali, a verdade não é suficiente.
Não importa o quão claro seja o dano, o quão evidente seja o lobo em pele de cordeiro. Sempre haverá uma mão estendida para protegê-lo.
Ele é “bom pai”. Ele é “trabalhador”. Ele é “homem de bem”. Palavras que soam como um selo de impunidade.
Enquanto isso, as feridas dela – emocionais, físicas, financeiras – são ignoradas, minimizadas ou, pior, questionadas.
As instituições foram feitas por eles e para eles. A igreja que silencia. A justiça que absolve. As famílias que ensinam a “preservar a união”. As empresas que abafam assédios para proteger suas lideranças.
Todos dizem que é para o bem maior. Mas o bem maior de quem?
Quem poupa o lobo não está sendo neutro. Está escolhendo um lado – e esse lado NÃO é o da mulher que sangra, chora e perde sua liberdade.
E o mais cruel? É que essas instituições esperam que você continue sorrindo, que aceite o “mundo como ele é”, que abaixe a cabeça e siga em frente. Porque, se você se revoltar, será vista como “radical”, “vingativa”, “desequilibrada”, “instável”.
Mas não dá mais para aceitar. Não dá mais para viver sob um sistema que sacrifica o bem-estar, a segurança e a dignidade das mulheres para proteger aqueles que, no fundo, nunca precisaram de proteção.