Em uma série de áudios gravados hoje e enviados a um grupo de amigos no Whatsapp, o deputado estadual e pré-candidato ao governo de São Paulo Arthur do Val (Podemos-SP), que afirmou estar fazendo coquetéis molotov na guerra da Ucrânia, descreve suas impressões sobre as mulheres do país e, em um dos trechos, afirma que elas “são fáceis, porque são pobres”.

“Eu estou mal, eu passei agora por quatro barreiras alfandegárias, são duas casinhas em cada país. Eu juro para vocês, eu contei, foram 12 policiais deusas, que você casa e faz tudo o que ela quiser (…)”, afirma o deputado nos áudios, que foram revelados pelo site Metrópoles, e aos quais o UOL também teve acesso. A reportagem confirmou a autoria das gravações com pessoas próximas ao deputado.

Em seguida, o parlamentar, conhecido como Mamãe Falei, afirma: “Detalhe, hein. Elas olham e, vou te dizer, elas são fáceis, porque são pobres. E aqui, a minha conta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, porque a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de ‘minas’ e é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo, você dá bom dia e ela [sic] ia cuspir na sua cara e aqui elas são supersimpáticas e supergente boa, é inacreditável”, prossegue o deputado. Segundo ele, nas “cidades mais pobres, elas são as melhores”.

Arthur do Val viajou à Ucrânia, no último dia 28, com Renan Santos, um dos dirigentes do MBL (Movimento Brasil Livre), para acompanhar o conflito. Em outro trecho do áudio, ele afirma que recebeu orientações do colega sobre como lidar com as mulheres.

“Assim, elas são ‘gold diggers’ [interesseiras] que se chama, né? O Renan faz uma viagem todo ano, é que nos últimos três anos ele não fez, ele chama Tour de Blonde. O que ele faz: ele viaja os países só para pegar loiras. Só que ele tem técnicas já. Ele já está avançado. (…) Ele me deu umas dicas.”

“Você nunca pode ir para as cidades que têm as melhores baladas, você tem que ir para as cidades normais, porque aí você pega as minas assim. Você não pega elas (sic) nas baladas, na praia, você pega no mercado, na padaria. (…) A recepcionista do hotel que deu em cima de mim aqui, que eu falei, meu deus, não é possível que isso está acontecendo. É uma mentira, é um filme, não é possível. E essas cidades mais pobres, elas são as melhores. Juro por deus, é outro mundo. Eu tenho 35 anos e nunca vivi isso. E eu nem peguei ninguém aqui. Já estou comprando a minha passagem para o leste europeu no ano que vem” Arthur do Val, deputado estadual (Podemos-SP)

O UOL tentou contato com Arthur do Val, por telefone, email e mensagem, mas não conseguiu localizá-lo até o momento. Caso ele se manifeste, o texto será atualizado. A reportagem também tenta contato com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre).

“Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. As declarações são incompatíveis com qualquer homem público”, disse Moro, em publicação nas suas redes sociais na noite desta sexta-feira (4).

O Podemos classificou como “gravíssima e inaceitável” a conduta do deputado.

Codeputada estadual da Mandata Ativista pelo PSOL-SP, Mônica Seixas disse que se for comprovada a culpa de Arthur Do Val, ela pedirá cassação do deputado.

Após a divulgação dos áudios, a namorada de do Val, Giulia Blagitz, terminou o relacionamento com o deputado, segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. “Gostaria de deixar claro que seguiremos caminhos diferentes”, registrou Giulia em um perfil redes sociais, que foi desativado.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB), colega de Arthur do Val na Alesp, também criticou as declarações, embora não tenha citado o parlamentar nominalmente.

“Na condição de deputada estadual, eu não tenho palavras para expressar a indignação com o desrespeito para com as mulheres ucranianas. O tratamento a elas dispensado já seria inaceitável, pelos termos utilizados! Mas, diante da situação de vulnerabilidade, é revoltante! Triste!”

Compartilhe: