Em menos de 10 dias 55 pessoas morreram em 02 acidentes envolvendo  ônibus clandestinos. Nesta sexta-feira (04), em Minas Gerais, um ônibus caiu de um viaduto no km 350 da BR-381, conhecido como “Ponte Torta”, em João Monlevade, perto da entrada para Dom Silvério, os bombeiros informaram 14 mortes – 11 no local e três óbitos constatados durante o deslocamento para o hospital. Informações da Jovem Pan, dão conta que o ônibus não tinha autorização da ANTT. 

Há 09 dias atrás, pelo menos 41 pessoas morreram na colisão entre um ônibus e um caminhão na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho (SP-249). Segundo a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), a empresa de ônibus Star viagem e turismo, não tinha autorização para operar e funcionava de forma clandestina. O diretor da agência, Milton Persoli, classificou como irresponsável a ação da empresa. “Ela é uma empresa clandestina, irresponsável por estar continuando presente junto com a atividade de fretamento. Ter 45 pessoas, 50 pessoas em um ônibus sem ter sua regularidade é passível de um crime”, disse. Em nota à imprensa, a companhia alegou que todos os documentos do ônibus estão em dia. Segundo a Artesp, no entanto, a informação é falsa, pois a empresa já havia recebido várias autuações e rodava de modo clandestino e ilegal há mais de um ano. As 41 vítimas fatais foram sepultadas nesta quinta-feira, 26, até mesmo durante a madrugada, para evitar aglomerações.

Riscos dos clandestinos: de motoristas despreparados a ônibus sem vistoria

De acordo com a Abrati, os riscos dos transportes clandestinos são inúmeros, a começar por quem dirige veículos não autorizados pela ANTT, como por exemplo: (1) os antecedentes criminais dos motoristas de ônibus clandestinos não são verificados; (2) eles não têm treinamento para dirigir os equipamentos (Leito Total – LD – e Double Deck), nem treinamento para dirigir à noite ou em grandes distâncias; (4) não contam com alojamentos de descanso adequado e (5) não passam por testes toxicológicos periódicos, aferição alcóolica ou de outros medicamentos pré-jornada.

“Toda essa irresponsabilidade, não apenas coloca em risco a vida de milhões de passageiros em todo o Brasil, mas também ceifa milhares de vidas de outros viajantes que circulam nas rodovias”, afirma o presidente da Associação, Eduardo Tude. Ao contrário dos motoristas de ônibus clandestinos, os condutores do transporte regular seguem as regras da ANTT e contam com padrões de treinamentos rigorosos, testes toxicológicos contínuos, alojamentos para descanso e têm toda a sua vida pregressa civil e criminal verificada antes de serem contratados.

Como exemplo de crescimento do transporte rodoviário clandestino, a Abrati alerta para os riscos no estado de São Paulo. De acordo com levantamento realizado pelo Setpesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do estado de São Paulo), no estado são realizadas cerca de 6.801 viagens ilegais por mês, totalizando 81.612 por ano. Desse total, 42,5% das viagens ilegais são realizadas apenas por um aplicativo. Se formos considerar o número de passageiros que colocam suas vidas em perigo, os dados são alarmantes. Mais de 684 mil pessoas recorrem por ano a esse transporte irregular para viajar pelas estradas.

Condições dos veículos

Além de não saber quem está no volante de um clandestino, ninguém faz ideia sobre as verdadeiras condições dos ônibus ilegais. Isso porque esses veículos não são autorizados e não passam por vistorias técnicas, conforme exigem as regras da ANTT. Por isso, quando fiscalizados, são apreendidos e deixam os passageiros na estrada, diz a Abrati.

“É um tiro no escuro. Você entra no clandestino e não faz ideia se o ônibus pode quebrar e causar algum acidente, não sabe se o motorista está preparado para aquele trajeto. A segurança é zero”, afirma a conselheira da Associação, Letícia Pineschi.

Além disso, os clandestinos não cumprem protocolos sanitários, comprometendo a saúde de seus passageiros, o que é agravado em um momento de pandemia.

Com informações do Correio Brasiliense

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