A Engenharia, a Agronomia e as Geociências nem sempre são vistas como profissões femininas. Porém, ao longo dos anos, as mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço dentro destes setores. Exemplo disso é que, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em 2018, na Bahia, apenas 15,60% dos registros profissionais realizados eram de mulheres. Em 2022, houve um salto para 22,98%. Atualmente, são 23,64%.
Diversas iniciativas têm surgido para incentivar a participação feminina e garantir a igualdade de gênero. A partir de 2019, foram formadas três entidades representativas na Bahia: em 09 de setembro de 2019, o estado foi o primeiro do país a criar a Associação Feminina de Engenharia Agronomia e Geociências (AFEAG-BA); posteriormente, foi criada a Associação de Mulheres na Engenharia, Agronomia e Geociências (AMEAG); e a Associação das Mulheres Profissionais (AMP).
No CREA-BA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia), opera o Programa Mulher, implementado em 08 de março de 2021 e lançado durante a sessão plenária de nº 1.807/2021, com formação de um comitê gestor. “Com o programa, o CREA-BA aderiu à iniciativa do Sistema Confea/Crea de reforçar o compromisso pela consolidação dos direitos sociais e políticos das mulheres em todas as dimensões. Isto envolve a valorização das profissionais registradas no sistema, bem como o estímulo do registro das engenheiras, agrônomas e profissionais das geociências após formação acadêmica”, explica a engenheira florestal Izabel Ceron de Paula, que é coordenadora do Programa Mulher 2024.
Segundo ela, o comitê gestor vem trabalhando em diversas ações para tratar de temas importantes voltados à promoção da igualdade de gênero. São realizados fóruns de debates e campanhas contínuas de conscientização, como o Café Itinerante, que promove reuniões e palestras para dialogar com empresas, entidades, sindicatos e instituições de ensino a respeito da situação da mulher. Em maio, são feitas palestras, eventos on-line e divulgações de materiais institucionais em comemoração ao mês d. “Já são muitas as entidades que adotam a perspectiva de gênero em suas políticas institucionais”.
No CREA-BA, a participação feminina surge com força transformadora. A cada eleição de diretoria, há um avanço histórico rumo à equidade de gênero, refletido no crescente número de mulheres que já assumiram diretorias, coordenações e comissões. Atualmente, existe 30% de representação feminina na diretoria da entidade, com destaque para a 1ª diretora administrativa, a engenheira civil Viviane Alves e Silva, e a 2ª diretora financeira, a também engenheira civil Rhminne Vinagre de Queiróz.
Nas câmaras especializadas, marcam presença a engenheira elétrica Raissa Lorena Fernandes Matos (na câmara de Engenharia Elétrica) e a engenheira de alimentos Márcia Ângela Nori (na câmara de Engenharia Química). Ambas atuam como coordenadoras adjuntas. “Temos muitas lideranças femininas nas entidades que não só conquistam o espaço, mas também lideram com excelência”, comenta Izabel.
Em âmbito nacional, destaca-se o nome de Ligia Marta Mackey, que serve de inspiração como a primeira presidente do sexo feminino no CREA-SP. Antes de ocupar o cargo, ela já havia liderado como diretora de entidades de classe, vice-presidente do Crea-SP, presidente IPEEA (Instituto Paulista de Entidades de Engenharia e Agronomia) e engenheira civil autônoma, entre outras funções. “O profundo conhecimento e a paixão de Lígia pela engenharia impulsionam outras mulheres. Ela é a voz que compreende, aspira e age, buscando um sistema mais forte e inclusivo. Sua trajetória é inspiração e conecta com as histórias das mulheres das futuras gerações. Quando uma mulher cresce, todas as outras crescem juntas”.
O comitê gestor do Programa Mulher da Bahia é composto por representantes das câmaras especializadas, da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea), das entidades, das instituições de ensino e das profissões. O colegiado representa cerca de 11 mil mulheres registradas no CREA-BA. “Em 2024, o comitê tem como desafio a interiorização das iniciativas do Programa Mulher. O objetivo é que haja uma sensibilização ainda maior sobre a importância da participação feminina já na base, ou seja, nas entidades de classe e nas inspetorias, contribuindo para uma mudança de mentalidade ainda na origem”, finaliza a engenheira florestal.

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