Pelo menos duas vezes no mês, durante um ano e meio, o avião da traficante Jasiane Silva Teixeira, 31 anos, a “Dona Maria”, decolou de países que fazem fronteira com o Brasil, produtores da pasta base de cocaína,  para abastecer o comércio da droga e também de armas nas regiões sudoeste e extremo sul da Bahia. A aeronave transportava em média 200kg do entorpecente, o equivalente a R$ 6 milhões.

O avião estará no segundo leilão da Polícia Civil, que será realizado na próxima segunda-feira (31). Além da aeronave, custodiada em Vitória da Conquista, mais 22 automóveis serão oferecidos. Apontada pela polícia como a maior traficante do estado, Jasiene foi capturada no dia 25 de setembro do ano passado, na cidade de São Paulo. Na ocasião, a Polícia Civil baiana informou que um avião apreendido em 2018, numa fazenda em Vitória da Conquista era da quadrilha de Josiane, o Bando do Neguido (BDN). Ela foi solta por habeas corpus expedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia no dia 11 de fevereiro, antes do Carnaval.

A aeronave, um monomotor modelo Cessna Aircraft, prefixo PR-OIE, está avaliada em mais de R$ 1,5 milhão e cabe até oito pessoas. É o modelo usando constantemente para o tráfico internacional de drogas e armas. “Devido a facilidade de pouso em pistas clandestinas. No GPS periciado foi constatado que fazia pousos em pistas clandestinas pelo Brasil e no exterior. Não é à toa que esse modelo é usado também por garimpeiros em explorações ilegais no país”, declarou o titular da DTE/Vitória da Conquista, delegado Neuberto Costa Souza.

Segundo a investigação da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) de Vitória da Conquista, de 15 em 15 dias, a droga era trazida da Bolívia, Peru, Venezuela e Colômbia, países vizinhos do Brasil, produtores de cocaína. Antes de chegar à Bahia, o avião pousava no Pará para refinar a pasta base da droga. “Em Conquista, a cocaína era distribuída para o extremo sul, precisamente para Itabuna e Ilhéus. Uma média de 200 quilos por mês. O valor do kg varia entre R$ 20 mil e R$ 30 mil”, contou o titular da DTE/Vitória da Conquista, delegado Neuberto Costa Souza.

O avião foi apreendido no dia 20 de outubro de 2018 em uma pista clandestina, em uma fazenda, na região da Baixa do Cocá, distante 37 km de Conquista. Foram presos os paraenses Diogo Túlio Pereira Dionísio (piloto) e Francisco Cleiton Passos de Oliveira, além do baiano Lázaro Santos Sacerdote. O trio tinha acabado de distribuir uma carga e planeja retornar para uma outra viagem.

De acordo com a DTE de Conquista, os presos são uma cédula de uma organização criminosa que atuam no país inteiro. “Tanto que após essa prisão, outras da organização foram realizadas no país inteiro, principalmente no Pará”, disse o delegado Nauberto. Segundo ele, a cédula não exclusiva de uma facção ou quadrilha. “Nessa questão de tráfico internacional, distribuía para todo mundo. Não tinha essa de grupo A, B ou C”, disse.

A organização criminosa também atua em Salvador. “É mesmo grupo, mas só que utiliza outras aeronaves para Salvador, uma outra rota. Isso está sendo apurado em sigilo pela justiça federal, por se tratar de tráfico internacional”, declarou o delegado.

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